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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
02/12/2011 01/01/1970 4 / 5 / 5
Distribuidora
Duração do filme
100 minuto(s)

Os Nomes do Amor
Le Mon dês Gens

Dirigido por Michel Leclerc. Com: Jacques Gamblin, Sara Forestier, Zinedine Soualem, Carole Franck, Jacques Boudet, Michèle Moretti, Zakariya Gouram, Julia Vaidis-Bogard, Adrien Stoclet, Camille Gigot, Laura Genovino.

Escrito pelo diretor Michel Leclerc ao lado da roteirista Baya Kasmi, Os Nomes do Amor é um filme imaginativo, inteligente e que demonstra um cuidado raro com seus simpáticos personagens. Mas mais importante do que isso é o fato de revelar-se um animal raro: uma comédia romântica que, sem jamais deixar de divertir, exibe consciência política e busca transmitir uma mensagem humanista.

Vivida por Jacques Gamblin e Sara Forestier, a dupla que move a narrativa não poderia ser mais contrastante: por um lado, Arthur Martin, com seu nome comum e modos introspectivos, é um homem de mais de 40 anos que cresceu evitando polêmicas e discussões; por outro, a jovem Baya Benmahmoud, com seu nome ímpar e impulsividade incontrolável, jamais foge de um bate boca político, dedicando-se, inclusive, a levar seus oponentes para a cama a fim de convertê-los através do sexo. Em comum, porém, ambos trazem segredos familiares: sobrevivente do Holocausto, a mãe de Arthur adotou um sobrenome tipicamente francês e jamais discute o passado, enquanto Baya, por mais liberal que seja sexualmente, não consegue esquecer ter sido molestada por um professor de piano na infância.

Com uma abordagem narrativa dinâmica e inventiva, Os Nomes do Amor diverte, entre outras coisas, graças à maneira sempre inesperada com que desenvolve sua história e seus personagens: se em um momento o casal principal se dirige diretamente ao espectador, quebrando a quarta parede, em outro ouvimos Arthur apontar determinada lembrança como estando “no alto do pódio no ranking de assuntos polêmicos da família” – uma fala seguida pela imagem dos protagonistas da tal memória surgindo literalmente no alto de um pódio. Da mesma forma, a subjetividade dos personagens é representada visualmente quando o pai de Arthur aparece já envelhecido nas cenas que o retratam na juventude, já que seu filho simplesmente não consegue imaginá-lo jovem, o que não só é interessante como recurso expositivo como ainda nos revela muito sobre aquela relação familiar.

Ilustrando o envolvimento atípico de Arthur e Baya ao trazê-lo vestindo a garota em sua primeira noite juntos, em vez de despi-la, o longa consegue levar o espectador a realmente se importar com o destino do casal, sendo hábil também ao salientar o romantismo daquelas experiências através da fotografia, já que, em momentos particularmente importantes, os dois surgem numa textura de Super8 que confere um tom de lembrança familiar agradável ao que estão vivendo.

Conseguindo extrair humor até de temas inesperados como o Holocausto e o abuso infantil (sem ser apelativo ou demonstrar mau gosto), Os Nomes do Amor comprova que, nas mãos de realizadores inspirados, mesmo os gêneros mais batidos ainda conseguem surpreender.

Observação: esta crítica foi originalmente publicada como parte da cobertura do Festival do Rio de 2011.

21 de Outubro de 2011

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

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