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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
25/04/2003 10/04/2003 2 / 5 / 5
Distribuidora
Duração do filme
88 minuto(s)

Direção

Peter Howitt

Elenco

Rowan Atkinson , John Malkovich , Natalie Imbruglia , Ben Miller , Radha Mitchell

Roteiro

Neal Purvis , Robert Wade , William Davies

Produção

Tim Bevan

Fotografia

Remi Adefarasin

Música

Ed Shearmur

Montagem

Robin Sales

Design de Produção

Chris Seagers

Figurino

Jill Taylor

Direção de Arte

Alan Gilmore

Johnny English
Johnny English

Dirigido por Peter Howitt. Com: Rowan Atkinson, John Malkovich, Natalie Imbruglia, Ben Miller e Radha Mitchell.

Antes de começar a falar sobre Johnny English, sinto-me na obrigação de fazer uma confissão: sempre considerei Mr. Bean, personagem mais famoso do britânico Rowan Atkinson, terrivelmente engraçado. Aliás, eu já havia manifestado minha simpatia pelo ator ao escrever sobre Tá Todo Mundo Louco!: com seu rosto expressivo e seu hábito de interpretar personagens torturados pela falta de traquejo social, Atkinson poderia perfeitamente ser considerado um discípulo de Peter Sellers, que imortalizou o tipo em Um Convidado Bem Trapalhão e na série A Pantera Cor-de-Rosa.

Assim, logo que o comediante surgiu em cena, na primeira tomada de Johnny English, comecei a sorrir: vê-lo bancar o agente mortal e sedutor em uma paródia da série 007 certamente prometia ser uma boa diversão. Infelizmente, eu estava errado. Co-escrito por Neal Purvis e Robert Wade (responsáveis por 007 – O Mundo Não É o Bastante e 007 – Um Novo Dia para Morrer), o roteiro de Johnny English compreensivelmente captura os principais elementos da franquia protagonizada por James Bond: o carro equipado com um verdadeiro arsenal; as armas escondidas em objetos como canetas e anéis; o vilão caricatural com planos de dominação; as belas mulheres que se apaixonam pelo herói; e, é claro, as seqüências de ação. No entanto, o filme peca em um elemento crucial: a maior parte de suas piadas é completamente previsível, permitindo que o espectador perceba as `mancadas` do protagonista antes mesmo que estas aconteçam – o que é fatal em uma comédia.

A culpa, porém, também reside no fraco trabalho do cineasta Peter Howitt (De Caso Com o Acaso, Ameaça Virtual), que revela o fim das gags ao mesmo tempo em que as desenvolve. É como se ele dissesse: `Conhece a piada do elefante que caiu na lama? Não? Então tá: quer ouvir uma piada suja e pesada?`. Tomemos, como exemplo, a cena em que English revista algumas cortinas vermelhas em uma festa: quando vemos uma garota com vestido avermelhado parada ao lado das cortinas, já sabemos que o sujeito irá apalpá-la por engano – e, quando isso acontece, a piada já perdeu o sentido. Por que, no entanto, o diretor não fechou o quadro no agente, evitando mostrar a moça com antecedência? Assim, o espectador só perceberia o engano no momento em que English também se desse conta de estar com as mãos no lugar errado, transformando a surpresa em piada. (Há inúmeros exemplos como este ao longo do filme.)

Além disso, o roteiro estabelece várias situações que jamais encontram o desfecho apropriado: quando o herói entra em um carro suspenso por um guincho, o espectador imagina que uma grande gag está por vir – algo que nunca acontece (outra prova de que Purvis e Wade são melhores em conceber seqüências de ação do que em transformá-las em piada).

Apesar de tudo, John Malkovich, que assume o papel de vilão, parece estar se divertindo a valer: usando uma longa peruca e falando com um forte sotaque, o ator tem algumas boas reações às trapalhadas de seu inimigo, mas, de modo geral, sua presença é desperdiçada pelo roteiro. Já Rowan Atkinson, que (como Mike Myers) não tem o menor temor em se expor ao ridículo, só consegue provocar o riso nos momentos em que se esquece de Johnny English e volta a agir como Mr. Bean, já que seu forte é mesmo o humor físico, e não os diálogos. (E, de modo geral, o agente está correto em praticamente todas as suas deduções, o que diminui seu apelo cômico.)

Contando com poucos momentos realmente divertidos, Johnny English acaba empalidecendo frente a outras produções que se dedicaram a satirizar o gênero `espionagem`: por mais que tente, English não é páreo para o Inspetor Closeau, Derek Flint ou Austin Powers.

Aliás, ele não é páreo sequer para o próprio Mr. Bean.
``

19 de Abril de 2003

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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