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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
18/03/2005 11/03/2005 4 / 5 5 / 5
Distribuidora
Duração do filme
91 minuto(s)

Robôs
Robots

Dirigido por Chris Wedge e Carlos Saldanha. Com as vozes de Ewan McGregor, Robin Williams, Greg Kinnear, Stanley Tucci, Diane Wiest, Mel Brooks, Jim Broadbent, Halle Berry, Amanda Bynes, Drew Carey, Jennifer Coolidge, Paul Giamatti, Dan Hedaya, James Earl Jones, Jay Leno, Natasha Lyonne, Stephen Tobolowski.

Uma das características mais fascinantes do Cinema reside em sua capacidade quase inigualável de transportar o espectador para universos alternativos habitados por criaturas fantásticas e surpreendentes. Em uma época na qual o talento para contar histórias está sendo substituído por pirotecnias e efeitos visuais, é um alívio constatar que ainda há realizadores que sabem utilizar a tecnologia não como um fim em si mesma, mas como mera ferramenta para dar vida à imaginação dos artistas.

Em Robôs, por exemplo, somos levados a um mundo construído, habitado e administrado por máquinas dos mais diferentes tipos – e no qual somos apresentados a Rodney Lataria, um jovem robô cujo sonho é tornar-se inventor e trabalhar ao lado do lendário Grande Soldador, responsável por todas as criações que facilitam a vida dos autômatos. Porém, depois de viajar até Robopólis, Rodney descobre que as empresas de seu ídolo agora são administradas pelo inescrupuloso Dom Aço, que decide parar de fabricar peças avulsas, necessárias para o reparo dos robôs mais velhos ou danificados, a fim de aumentar a venda dos caros upgrades. Desiludido e desempregado, o herói torna-se amigo de um grupo de robôs ultrapassados (os Enferrujados) – especialmente do trapaceiro Manivela. Juntos, eles decidem encontrar o Grande Soldador e restaurar a harmonia de Robopólis.

Revelando-se um verdadeiro espetáculo visual, Robôs conta com um design de produção impecável: dos personagens aos cenários, o filme mantém o público sempre surpreso com a dimensão da criatividade dos animadores, que prestam particular atenção aos detalhes (observe, por exemplo, os símbolos utilizados para identificar os banheiros masculino e feminino, em certo momento da projeção). Concebendo Robopólis como um mecanismo imenso e azeitado, os diretores Chris Wedge e Carlos Saldanha (brasileiro, por sinal) demonstram uma inspiração incomparável ao apresentarem o sistema de transporte da metrópole, numa seqüência que certamente encantará as crianças (e seus acompanhantes mais velhos, por que não dizer?).

Da mesma forma, cada personagem surge com um visual diferente e incrivelmente expressivo: do desengonçado Manivela ao imponente Grande Soldador, cada habitante de Robopólis exibe, em suas formas, algo sobre sua personalidade ou função social: Dom Aço tem uma carcaça de aspecto frio e impessoal, enquanto Rodney surge com cores agradáveis mas discretas. E como esquecer de Tia Turbina, cujo traseiro é tão grande que tem até luz de ré? Além disso, o inspirado roteiro ainda encontra uma forma divertidíssima de explicar como os robôs se `reproduzem` e `crescem` – basta dizer que, aqui, quando alguém diz que `fazer o bebê é a parte mais divertida do processo`, o significado pode ser literal.

Aliás, ao contrário do que ocorria no apenas mediano A Era do Gelo, desta vez Wedge e Saldanha conseguem arrancar risadas freqüentes do espectador, sejam estas através das hilárias analogias entre o universo dos robôs e o mundo real ou das gags visuais inspiradas. Da mesma forma, é encorajador perceber que o filme ainda encontra tempo para fazer uma crítica à obsessão da sociedade moderna com corpos perfeitos, aperfeiçoados por cirurgias ou substâncias químicas (na prática, nada muito diferente dos upgrades comercializados por Dom Aço).

Por outro lado, Robôs afunda no óbvio ao seguir os passos de Shrek e apostar em uma infinidade de referências a outras produções, como Star Wars, O Senhor dos Anéis, 2001 (a única que realmente funciona), O Mágico de Oz, Coração Valente e – a pior de todas – Cantando na Chuva, que rende um número musical decepcionante. Como se não bastasse, o roteiro abusa de diálogos sofríveis, no pior estilo `Acredite em si mesmo`, `Nunca desista de seus sonhos`, e por aí afora.

Ainda assim, Robôs é um filme não apenas encantador, mas também criativo e divertido. Como o próprio protagonista, diga-se de passagem.
``

17 de Março de 2005

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Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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