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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
10/01/2003 20/11/2002 2 / 5 1 / 5
Distribuidora
Duração do filme
133 minuto(s)

007 - Um Novo Dia Para Morrer
Die Another Day

Dirigido por Lee Tamahori. Com: Pierce Brosnan, Halle Berry, Judi Dench, John Cleese, Rosamund Pike, Toby Stephens, Michael Madsen, Rick Yune, Samantha Bond e Madonna.

Ao longo de seus 40 anos de carreira no Cinema, o espião James Bond entrou em conflito com o MI-6 (leia-se: Serviço Secreto) em três ocasiões: quando pediu demissão, em 007 A Serviço Secreto de Sua Majestade; quando teve sua licença para matar revogada, em 007 Permissão para Matar; e quando se tornou suspeito de ter revelado informações secretas para o inimigo, no recente 007 – Um Novo Dia para Morrer. Nas duas primeiras oportunidades, o desentendimento entre Bond e seus empregadores rendeu alguns dos melhores momentos da série. Desta vez, no entanto, o resultado foi, no mínimo, decepcionante.

Quando este vigésimo exemplar da série oficial tem início, Bond está infiltrado na zona neutra situada entre as duas Coréias, e encontra-se prestes a assassinar um militar corrompido, quando tem sua identidade revelada e é capturado pelos inimigos. Torturado ao longo de 14 meses, o herói é finalmente trocado por um terrorista e acaba sendo acusado de revelar segredos durante seu cativeiro. Renegado pelo MI-6, Bond decide provar sua inocência e parte em busca de pistas sobre o paradeiro do tal terrorista.

Particularmente, devo confessar que a idéia de ver James Bond sofrendo nas mãos dos vilões me agrada bastante, já que isso confere ao personagem uma faceta de vulnerabilidade pouco vista ao longo da série. Barbudo e com os cabelos desgrenhados, o espião finalmente perde um pouco de sua invicta dignidade, o que o torna mais humano e, conseqüentemente, mais interessante (embora sua pose de herói seja corretamente mantida no momento em que ele julga estar prestes a ser fuzilado) . Da mesma forma, pela primeira vez os créditos iniciais são usados para ajudar a contar a história, o que também é uma inovação válida. (Em contrapartida, não gostei muito de ver a bala disparada por Bond, na clássica vinheta de abertura, cruzar em direção ao espectador. Certas coisas devem ser consideradas `sagradas`, e esta é uma delas.)

Infelizmente, o restante de 007 – Um Novo Dia para Morrer não faz jus à ótima seqüência inicial, mergulhando, no segundo ato, em uma trama absurda (até mesmo para os padrões da série) envolvendo uma certa `terapia de substituição de DNA`. Além disso, a identidade dos vilões, que os roteiristas Neal Purvis e Robert Wade tentam guardar como `surpresa`, é óbvia desde o início, o que torna tudo um pouco cansativo. E se você achou graça da fortaleza marítima do vilão Stromberg, em 007 O Espião Que Me Amava, espere até ver o castelo de gelo presente neste novo filme...

Interpretado por Toby Stephens (filho de Maggie Smith, acreditem ou não), o vilão Gustav Graves é, sem dúvida, um dos mais ridículos de toda a série. Esforçando-se ao máximo para ser antipático (chegando ao ponto de jamais sorrir sem demonstrar desdém), Stephens não consegue evocar a grandeza e a malevolência de figuras como Auric Goldfinger, Blofeld ou Max Zorin, para citar apenas três exemplos. Da mesma forma, a agente (e bondgirl) Jinx é simplesmente patética, ficando a anos-luz de distância da corajosa espiã Wai Lin, vivida por Michelle Yeoh em 007 O Amanhã Nunca Morre. Aliás, não consigo entender como a personagem de Halle Berry neste novo filme pode estar sendo considerada como um `novo tipo de bondgirl`, já que vive em perigo, demonstra bastante insegurança como agente (sendo capturada em várias ocasiões) e não possui sequer presença de espírito (quando um capanga pergunta para a moça quem a enviou, esta responde: `Sua mãe!`).

Excessivamente longo, 007 – Um Novo Dia para Morrer ainda peca em seus aspectos técnicos: o diretor Lee Tamahori, por exemplo, procura incluir tomadas em câmera lenta que simplesmente não funcionam, e os efeitos visuais (especialmente na seqüência envolvendo surf) são incrivelmente rasteiros. Já a música-tema de Madonna, apesar de decepcionar quando executada separadamente, acaba funcionando no contexto dos créditos iniciais, o que não deixa de ser curioso.

Apesar de ser o mais fraco entre os exemplares protagonizados por Pierce Brosnan, esta vigésima aventura de James Bond prova que o ator vem demonstrando cada vez mais segurança no papel, o que é um ótimo sinal (e é plenamente razoável acreditar que ele ainda possua condições de atuar em mais dois ou três episódios). Interpretado por Brosnan, 007 conseguiu até mesmo a proeza de controlar seus próprios batimentos cardíacos. Resta agora conseguir controlar a qualidade dos novos capítulos da série.
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21 de Janeiro de 2003

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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